[‘MEU BEM QUERER NÃO É SEGREDO’]
Me dá licença que estou roendo minha unha. Por quê? Porque não gosto que me vejam roendo as unhas. Eu as vejo roídas, não tem diferença. Tem sim! Ora. Quer discutir comigo, é? Me dá licença logo. Eu olho pro lado. Se vira. (pausa) O vidro. O quê? O vidro, sua coisa, você tá me olhando pelo vidro da estante da copa é? Tô não. Tô de olho fechado. Não mente, porra. Não mente! Não grita você, no meu ouvido surdo! Você sabe que entrou água ontem quando... Eu sei! Eu sei! Me dê licença logo, vai. Você gosta de mim um pouco ainda, né isso? Então me dê um pouco de paz. Paz? É. Pra roer a unha? É. Mas você não tem mais o que ped... Ah!... E o torcicolo que você inventou ontem pra não engolir até o talo era mentira, né? É por isso, né? Não. Não. Eu tô com dor ainda, vê só! Tá virando a cabeça pra roer a unha! Não tô. Tá. Não tô. Tá. Não tô. E quer saber? A onda agora é ser sincero, num é? - É pra mim mesma que o coração bombeia sangue, viu? Sua besta! Como é? Ih... Nada não.