Tuesday, June 28, 2005

[RESSUSCITA UM AMOR ANTIGO, NASCE UM BANDIDO]

Então, inconsolável ele pensava em de onde vinha aquela maniazinha feminina de passear em papéis deixando rastros por aí. Cada sinal, cada signo despretensioso ficava trazendo à tona dores tão antigas, dessas que se desaprende a sentir. As que desconcertam o sujeito, e não há sorriso forjado que esconda.

Maristela é jovem jovem e tem sobrancelhas muito compridas. Aquele cheiro de perfume doce tinha arrombado outras coisas na memória agora madura, envolta no cheiro de suor que Arleta emitia dormindo. – e na manhã seguinte eram olhos tão inchados e gotas tão grossas, sempre pareciam lágrimas.

Ele amarrotou os papéis no bolso de camisa mal passada. Aqueles cheiros misturados eram a loucura chegando, claro. – Arleta espreguiçava-se enjoada.
“Como é que a pessoa, assim de pé, assim consciente recebe essa coisa?” – pensou esbaforido.

Arleta olhava-o com seus primeiros olhos de manhã e ele sentia transgredir os anos que a mulher ali, descabelada, lhe dedicara. Soltou um bom dia confuso.
Não adiantava encarar. O vento frio entrava pela fresta da janela, vinha com a bagunça nos nós.
- Você é assim, um charme. – e lhe beijou o pescoço. (no espelho via o rosto de Arleta deitando a cabeça sobre um ombro seu. Suado o rosto, as gotas escorriam pelas bochechas).

Revidou o beijo descrevendo a pressa. Saiu correndo atrás da porta fechada, pensando que nesse mundo louco, ou não se ama ou se arranja mais um coração. – Maristela tinha se tornado agora a vizinha.

Thursday, June 09, 2005

[UM MINUTO DE DESATENÇÃO, POR FAVOR]

- Há um semitom entre uma nota e outra, assim como há uma dúvida entre uma e outra certeza, e uma palavra entre uma e outra idéia, nota e coerência na certeza do que eu digo.