Friday, August 25, 2006


Sou mulher,
toda mulher.
Completa inacabada
como só uma mulher pode ser.
Faltando um pedaço de cor
– que o batom completa.
Faltando um pouco de amor
- que uma noite compensa.
Sobrando uma solidão desafeta
que resta a quem é só alma e corpo.
Ou
espírito de porco.

Tuesday, August 15, 2006



Hoje acordei com muita vontade de falar francês. De te explicar o amor. Em francês, claro. De preferência num figurino clássico, por trás dum óculos bem redondo e duns cachinhos comportados. Sentada numa escrivaninha imbuia com arabescos e diante de uma remington cinza bem usada, experiente. Agora posso te dizer que sei o amor. Meus vinte e três anos são a coisa mais preciosa que me ocorreu. Agora percorri todas as trilhas, sondei todos os pensamentos, estive em milhares de corações frenéticos. Outros, éticos. E tantos tétricos. E permaneci eu mesma. Distante de qualquer adjetivo, eu mesma. Longe de alguma felicidade ou de alguma faculdade que possa acompanhar meu currículo. Perto de uma abstração bem morninha, que pode me fazer desmaiar a qualquer momento: amor.