Há alguns males que só se cura viajando. Os piores, pra longe. Quanto mais anônimo, melhor. Eu, quando preciso, faço malas grandes, ponho tudo apertadinho e vou.
No caminho, canto as minhas músicas prediletas à capela, me concentro nas montanhas íngremes, nas barracas de castanha e laranja cravo, nas casas mais modestas do meio do nada. - É pelo nada que você precisa passar quando quer exorcizar. E nesse rito eu rezo, rio, choro, lembro de coisas indizíveis que ninguém se acha capaz de lembrar.
Depois sossego. Fico bem quieta esperando os acontecimentos me atingirem. Desço e sinto o lugar e o que ele me traz. Há mil coisas para se observar. Coisas a se filosofar sobre. Tudo me parece suscetível e frágil (saem boas fotos desses momentos).
Nada além disso jamais me causa uma sensação tão verdadeira de liberdade. Felicidade é não fazer extravagâncias para ser feliz.