Thursday, October 18, 2007

Cheguei aqui com poucas certezas e muitas expectativas, na temporada das chuvas e dos caramujos, que me trouxe uma das certezas que agora tenho – que muitas temporadas há assim.

Quando pisei na primeira calçada do centro, senti um vento de boas vindas, vi que o trânsito e os feirantes se desentendiam preservando a tradição. Os ipês floridos da praça amparavam na sombra senhoras, cachorros, pipoqueiros ansiosos pela noite de espetáculos no teatro. Senti tranqüilidade.

Caminhei por muitos lugares – os mais remotos - desde então, em busca de sensações parecidas, de familiaridades que me remetessem a quão estranhamente completa me senti quando aqui desembarquei. Encontrei sensações diferentes; melhores ou apenas não extraordinárias, que me acomodaram amena, com toda saudade que sempre me acompanhou.

Fiquei triste, feliz, eufórica, confusa. Parece que já vivi toda uma vida nesse lugar – a despeito de decifrá-lo, a respeito de desfrutá-lo.

Passei pelas orlas, praias, praças, avenidas. Andei em ônibus lotados em dias de muito sol, tropecei em calçadas já esquecidas.

Me passa pela mente às vezes se ainda há o que não conheço, Do que não sei o gosto. Do que não ouvi dizerem que vai mal ou bem. Certamente. Há coisas que ainda não sei o que vão me causar. Há laços meus que não sei pra onde vão. Há esperanças frágeis que agora sei que sobrevivem da serenidade em que vivo estando aqui.

Saturday, October 13, 2007

Vamos ouvir o rádio e cantar junto. Faz bem. Você me diz coisas atrevidas no ouvido e eu rio. Somos namorados. Soa bem o que somos. Namorados cantam canções de amor com toda sinceridade que sua inocência alcança: sem saber direito o que são mágoas, ressentimento, dor de cabeça em horas inoportunas. É o céu não saber muitas coisas. É o céu ser jovem e ter no nariz o cheiro de manhãs frescas perpetuamente (enquanto perpetua o que se imagina ser sempre), no coração um medo que não impede de arriscar, na cabeça coisas de todo tipo - conexas ou não - que não precisam ser ou ter exatamente uma identidade. Te amo com todo o meu coração mancebo.