Quando minha filha fizer dezoito anos, darei-lhe um scarpin preto dez centímetros, uma lista de recomendações de livros para se ler e reler ao longo do tempo, e sentaremos no sofá da sala para falar das evoluções na vida de um maior.
Vou lhe contar que todo maior tende a ser menor, já que perde a essencialidade da moral infantil e a simplicidade de viver a vida daquela fase. Lhe direi que as paixões de início vão ser rasas e as expectativas vão servir senão para medir a potencialidade das coisas. Avisarei que toda sorte de dores virão. Dores com e sem fundamento, com e sem medida, com e sem suporte. Vou ressaltar que ser cidadão é principalmente pensar com carinho na natureza. Ser mulher, é primeiramente ser delicada. E que não há cilclo que não se feche. Não há espera que não se acabe, não há começo que não se resolva.
E há coisas que não direi. Há coisas que deixarei o tempo incutir. Há pessoas nela, que vou querer conhecer enquanto eu chego aos quarenta. E há cuidados mútuos de que vou desfrutar bem quieta, às vezes inerte, às vezes conformada - já que a inevitalidade vai viver tão perto de nós; já que a casualidade da convivência vai ser a alegria e a novidade de todo dia meu.
*copyrights foto: Aline Muguet.
4 Comments:
menina, vc tem as colações silábicas q eu gostaria de ter.. desarma os deuses com um alfabeto só teu, e chega além da eternidade.
lindo demais o texto. :)
"Ser mulher, é primeiramente ser delicada. E que não há cilclo que não se feche. Não há espera que não se acabe, não há começo que não se resolva." Perfeito. ;]
A vontade q dá é tirar um dia pra ler tudo, tudo..
o engraçado de paixões rasas é que transbordam e vazam..
É melhor nãodizer nad à tua filha, Eliza. Melhor deixar que ela aprenda só. Tenho duas filhas, 34 e 24 anos. São lindas. E nunca escutaram nada do que eu ou a mãe lhes disseram. Ronaldo.
Post a Comment
<< Home