Wednesday, April 06, 2005

[DESNECESSIDADE]

O gosto do desgaste ficou. A chuva já tinha pingos-agulha e o vento enrijecia os olhos; meio-abertos, meio-fechados. Infeliz dela que não podia cortar caminhos, ou poupar o tempo que reservara para a distração de estar vivo.

Enquanto se caminha é o coração que sai do (des)ritmo e socorre os vasos dos pés, apressados por não saber à que chão aderir, onde estar parado seguro.

Para um sorriso estavam as lembranças da maneira hilária como aprendera os pronomes oblíquos e a graça de ninguém observar-lhe os trejeitos quando estava só.

6 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Pitanga rasurada doida dos diabos!

Não liga pra minha pressa. Gestbook empacou de novo.

Quando for botar apelidos malucos na carta, diz o número do apartamento!
Pq o porteiro fica bêbado catando a dona do envelope azul. Heheheh
=o)
Me deixou mais que feliz hoje.. surpresona boa da peste!

* Me faço polvo pra te dar mil mãos (pq no mar de cá é assim), tu sabe q a torcida aqui é diária.. mas a correria que me atropela no meio das semanas não me deixa muito tempo pra internet.

* Fica bem que eu fico também.
* Diz pressas bolotas que eu volto com calma no fim de semana, tá?
(o bixo não tava atualizando aqui, vê se pode isso?! mas já o mantei ir tomar tino!)

Quinhentos mil beijos!

7:35 AM  
Blogger Mythus said...

Acho que a senhorita precisa fazer um reforço de titânio no seu guarda-chuva. ;^)

7:53 AM  
Anonymous Anonymous said...

Roça

Da minha plantação de palavras não tenho direito de colher as bagas. O mundo vem e ceifa, carrega tudo consigo e as espalham por entre ouvidos ávidos. De audíveis as palavras tornam-se comíveis e depois regurgitáveis e depois que apodrecem tornam-se infectiveis, diarréicas. vou confeccionar um espantalho recheado de palha e víceras. Darei-lhe as roupas do corpo e seguirei nú contabilizando pecados. Chegando, dormirei um sono, sonharei um sonho, acordarei de sopetão pra cuidar da minha lavoura. Vou capinar, afagar, adubar e aguar e esperarei inteiro debaixo de sol, sem chapel de palha ou enchada pra se escorar. De olhos bem abertos pra poder enxergar a próxima praga e receber a próxima paga.

3:04 PM  
Blogger Eliza Araújo said...

papoula minha flô, eu adoro comments gigantes assim. explica pru porteiro q vc não me deu o num. do ap. |P

Mythus, ando precisada.

Bem, eu adorei esse poema. fez me sentir no quintal rodeada de jambo. não que o jambo tenha a ver, mas a saudade da minha casinha bucólica sempre me remete pra coisas boas. obrigada.

obrigada pra vcs tudim.

5:51 PM  
Anonymous Anonymous said...

Instruções para chorar

Deixando de lado os motivos, atenhamo-nos a maneira correta de chorar, entendo por isso um choro que não penetre no escândalo, que não insulte o sorriso com sua semelhança desajeitada e paralela. O choro médio e comum consciste num contração geral do rosto e um som espasmódico acompanhado de lágimas e muco, este no fim, pois o choro acaba no momento em que a gente se assoa enregicamente.

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Pra chorar, dirija a imaginação a vc mesmo, e se isso lhe for impossível por ter adiquirido o hábito de acreditar no mundo exterior, pense num pato coberto por formigas ou nesses golfos do estreito de Magalhães nos quais não entra ninguem nunca.
Qundo o choro chegar, você cobrirá o rosto com delicadeza, usando ambas as mãos com a palma pra dentro. As crianças choararão esfregando a manga do casaco na cara, e de preferência num canto do quarto. Duração media do choro, três minutos.

8:37 AM  
Anonymous Anonymous said...

Esse texto aí em cima né meu não, é de Julo Cortazar.

Te amo, Mulher.

8:38 AM  

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