Mamãe me ensinou que é sempre cedo pro nunca. Que não se deve desistir, a despeito de tudo que te justifica ter mudado. Eu me preparei para não mudar quando chegou a minha vez, então. Queria evitar a dor e conservar o amor que eu ainda tinha - um amor do meu jeito, com a minha identidade, que eu ajudei a embrionar.
Uma hora comecei a contar os pontos. Ver o que valeu, o que não. Isso vira vício, vira escape. E você vira qualquer coisa que não você. A coisa que eu virei foi uma coisa intolerante, que nem a si tolera e que não tolera o tempo demorar passar. O tempo só demora passar quando a pessoa está apática, não é? E está crítica demais para notar as belas coisas simples.
Hoje disseram na tevê que a convivência é a coisa mais anti-afrodisíaca que existe. Pois ela também se tornou uma convenção - e não me sinto sozinha num mundo do qual todo mundo participa no mesmo ciclo vicioso de dúvidas.
Duvidar tem o seu mérito. Te faz humano e vencedor diante das afirmações que podem ser, que não. Então vou amando duvidar, inclusive de mim; já que o meu amor mais trabalhoso, como tudo na vida, envelheceu, enrugou e tem patologias sérias, sobre as quais não me permito discorrer.