Thursday, August 23, 2007

Mamãe me ensinou que é sempre cedo pro nunca. Que não se deve desistir, a despeito de tudo que te justifica ter mudado. Eu me preparei para não mudar quando chegou a minha vez, então. Queria evitar a dor e conservar o amor que eu ainda tinha - um amor do meu jeito, com a minha identidade, que eu ajudei a embrionar.

Uma hora comecei a contar os pontos. Ver o que valeu, o que não. Isso vira vício, vira escape. E você vira qualquer coisa que não você. A coisa que eu virei foi uma coisa intolerante, que nem a si tolera e que não tolera o tempo demorar passar. O tempo só demora passar quando a pessoa está apática, não é? E está crítica demais para notar as belas coisas simples.

Bem, nada disso me matou até então. E a falta de coragem me fez acreditar no que mamãe disse, só pela sobrevivência da convenção - ou quem sabe pela minha.

Hoje disseram na tevê que a convivência é a coisa mais anti-afrodisíaca que existe. Pois ela também se tornou uma convenção - e não me sinto sozinha num mundo do qual todo mundo participa no mesmo ciclo vicioso de dúvidas.

Duvidar tem o seu mérito. Te faz humano e vencedor diante das afirmações que podem ser, que não. Então vou amando duvidar, inclusive de mim; já que o meu amor mais trabalhoso, como tudo na vida, envelheceu, enrugou e tem patologias sérias, sobre as quais não me permito discorrer.

Monday, August 13, 2007

Estou sentindo a sua ida. Com toda antecedência que à ela consta.

Queria que pudéssemos nos sentar no batente da varanda e falar sobre os planos (ou a falta deles). Eu podia nos fazer panquecas e podíamos tomar um suco legal. Eu te falaria de quão exatamente inerte me sinto e das minhas fugas para os livros e a tevê. E você, me falaria de quê?

Talvez não fosse tão necessário conversar. Só compartilhar um momento do qual pudéssemos nos lembrar perfeitamente. Ver o pôr-do-sol era uma opção. Jogar três marias no meio-fio. Andar na beira da praia. Essas coisas que se faz quase calado e só com pessoas do coração.

Queria te dar um amuleto. Ou um livro de cabeceira. Ou um cd de samba antigo. Uma coisa que combinasse contigo, que te distraísse de momentos ruins.

Se você me permite dizer, tenho orgulho de você. E te desejo todos os bons clichês com muita sinceridade. Tem uma frase que levo comigo que combina com seu sobrenome: Amor que vale é amor valente.